Fases da Vitivinicultura

1875 – 1899
A vitivinicultura ora espalhada por diversos estados brasileiros ganha notável impulso com a chegada dos imigrantes italianos à Serra Gaúcha. As mudas De cultivares européias, trazidas pelos imigrantes, logo começam a definhar sob a ação de pragas e doenças. A cultivar ’Isabel’ vai ganhando espaço e logo predomina no solo fértil recém desmatado, auxiliando na fixação do imigrante à nova terra. Em 1884 a produção da Serra do Nordeste gaúcho já superava 8,4 milhões de litros de vinho.
Nesta época o transporte do vinho era feito em barris de pinho. Em 1898 ocorre a primeira exportação para São Simão (interior de São Paulo), feita em lombo de burro por Antônio Pierucini.
Neste período de implantação da vitivinicultura predominam os vinhos elaborados com uvas americanas.
 
1900 – 1924
Em 1904 chega a cultivar americana ’Folha de Figo’ (’Bordô’) vinda de Portugal. Neste mesmo momento as cultivares européias foram reintroduzidas na região da Serra Gaúcha. Também vieram da Europa várias cultivares híbridas lá criadas, porém ainda predominam os vinhos de uvas americanas.
Surgem a primeiras cantinas de grande expressão (Dreher, Salton e Peterlongo). Em 1911 surge o cooperativismo no estado do RS, difundido pelo advogado italiano José de Stefano Paterno, esta fase dura menos que 4 anos em virtude da falta de apoio governamental, falta de crédito e de campanha contrárias dos atravessadores.
Em 1900 Abramo Eberle repete o feito de Pierucini chegando com um carregamento de vinho à Capital Paulista por via marítima.
Em 1913 surge a Estação Experimental de Caxias do Sul, que se especializa na produção de castas finas.
Em 1915 é inaugurada a estrada de ferro Caxias / Montenegro, por onde o vinho era levado até a Lagoa dos Patos e o Porto de Rio Grande e daí de navio para o resto do país.
Em 1912 é fundada a Cooperativa Caxiense, a primeira cooperativa vitivinícola. Logo após, uma série de outras cooperativas foram fundadas, marcando uma importante alteração na conjuntura da vitivinicultura da região.
 
1925 – 1949
Em 1928, para regular a produção e melhorar a qualidade do vinho foi criado o Instituto Riograndense do Vinho. Neste período as autoridades sanitárias e fiscais exigem que os vinhos gaúchos tenham acidez tartárica entre 7,5 e 8 g/l para exportação; com essa acidez elevada, o vinho tornava-se agressivo e o consumidor começa a adicionar açúcar para melhorar o produto.
A partir de 1930 inicia a diversificação de produtos: surgem os vinhos de híbridos e de viníferas. Mesmo assim os vinhos elaborados com cultivares americanas ainda predominam.
Em 1929 foi fundada a Companhia Vinícola Riograndense e já em 1935 produz os primeiros vinhos varietais.
Em Jundiaí (interior de São Paulo) a vitivinicultura é fomentada pela Cinzano e Gancia.
Em 1937 a lei federal 549, de 20/10/37, unificou a legislação brasileira de vinhos, que até então era determinada por cada estado, constituindo-se como a primeira Lei Brasileira do Vinho. Em 1940 foi criado o Laboratório Central de Enologia encarregado de aplicar a lei vitivinícola.
Na década de 40 a produção brasileira já atingia 50 milhões de litros de vinho, e o consumo per capita era registrado como de 2,5 litros/pessoa/ano.
Em 1929 é retomado o movimento cooperativista, desta vez com apoio governamental. Em menos de 10 anos são fundadas 26 cooperativas, muitas ainda atuantes.
Em 1941 o Brasil inicia a exportação de vinhos, enviando produtos para os Estados Unidos e Venezuela. A comercialização interna é realizada predominantemente em barris de pinho, transportados por navios até os centros de consumo.
 
1950 – 1974
Até a década de 50 a vitivinicultura brasileira ainda é muito insipiente em sua tecnologia. A falta de domínio do cultivo das videiras e algumas práticas enológicas inadequadas fazem do vinho brasileiro um produto de qualidade medíocre. Até esta época os vinhos finos ainda eram feitos com a adição de vinhos de mesa.
A Isabel, com sua difusão vitoriosa através do RS, contribui poderosamente para atrasar o surto vitivinicola rio-grandense, no sentido de expulsar deste estado as castas produtoras de vinhos de alta classe – Dr. Celeste Gobatto.
A partir de 1964 empresas multinacionais de bebidas se instalam na Serra Gaúcha e fronteira com o Uruguai, iniciando a modernização da vitivinicultura bresileira. Além da introdução de novas castas européias, é implementado o cultivo da uva em sistema de condução espaldeira e novas tecnologias de vinificação são difundidas pela região da uva e do vinho. Chegam ao Rio Grande do Sul as empresas: Martini & Rossi, Möet & Chandon, Maison Forestier, Heublein e Almadén.
Na década de 70 inicia-se a exploração do Vale do Rio São Francisco, no nordeste brasileiro. Assim como outros estados brasileiros que vão aos poucos se firmando a produção de uvas e elaboração de vinhos. Em Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Paraná regiões produtoras já estão bem estruturadas e caracterizam zonas de produção que ainda hoje são importantes.
 
1975 – 1999
Desde de meados da década de 70 o setor vitícola já apresenta sensíveis sinais de melhora da qualidade de seus produtos. As novas variedades, a tecnologia empregada nos vinhedos e na vinícola dão sinais nítidos do potencial do vinho brasileiro. Os vinhos espumantes que até então era produzido por poucas vinícolas começa a tomar espaço na adegas, os vinhos varietais constitui-se como um estilo dos vinhos finos e os vinho de americana continuam predominando em volume de produção, mas cada vez com mais qualidade.
A produção de suco concentrado para exportação, marca um novo momento para os produtores de uva do Brasil. O início das operações a empresa Suvalan, dá este impulso a este segmento.
Pequenos viticultores iniciam a produção de vinhos finos em suas propriedades, multiplicando o número de estabelecimentos vinícolas e iniciando um processo de determinação de regiões produtoras. A Indicação de Procedência – Vale dos Vinhedos é a primeira a atingir este objetivo e; inúmeros outros grupos de produtores iniciam a busca pro esta certificação.
Em 1999 surge o Ibravin, congregando as principais entidades da cadeia produtiva da uva e do vinho, tinha como objetivo maior organizar o setor vitivinícola, fornecendo suporte para o desenvolvimento harmônico e planejado de toda a cadeia.
 
2000 - Atualmente
A vitivinicultura se expande para novas áreas, dentro e fora do estado do Rio Grande do Sul. Dos dez pólos produtores caracterizados pelo país, os principais são: a Serra Gaúcha (RS), o Vale do Rio São Francisco (PE/BA), o Vale do Rio do Peixe (SC), o leste de São Paulo (SP), a região da Fronteira e Serra do Sudeste (RS)... Outras regiões se desenvolvem a cada ano que passa, não só nos estados tradicionais, mas também em áreas inéditas como interior de Goiás, Mato Grosso, Ceará e outras unidades da federação.
Nestes anos os espumantes brasileiros ganham notoriedade internacional, recebendo distinções em inúmeros concursos internacionais. Os vinhos aprimoram sua qualidade cada vez mais e também conquistam espaço no exterior.
Ao mesmo tempo o mercado brasileiro é invadido por produtos estrangeiros, estabelecendo uma competição que motiva as empresas vitivinícolas a aprimorarem seus produtos e processos.
São introduzidas dezenas de novas variedades, originárias de diversas partes do mundo, sempre na busca de novas características e desempenho melhorado. Mas ainda hoje as variedades americanas e híbridas, perfazem cerca de 90% do total de uva colhida, sendo destinada não só a elaboração de vinhos de mesa, mas também à produção de suco integral e concentrado.

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